terça-feira, 17 de junho de 2008

Lendas de Ho-Bah - Epílogo I

Acabaram-se os tempos lendários de Ho-Bah. Todas as metáforas de guerra, batalhas, cavaleiros astronômicos guardando o Reino, foram sendo progressivamente desmontadas. Heisíodo, como se identificava o ancião que cantava as histórias dos Cavaleiros Astronômicos para os jovens do reino, acabou morrendo. De suicídio. Com a ponta da caneta, envenenada. Com o fim da Ordem que agrupava esses cavaleiros, não havia mais épico a ser sustentado. Agora existiam só os homens que se agrupavam em torno do imperador, como uma espécie de conselho para decidir sobre coisas sob as quais eles já estiveram submetidos. Talvez seja época para uma nova mentalidade, uma nova auto-representação deste conselho. (Pixeis em uma placa detectora de fótons não é a melhor, mas pega bem).

Mas era como se dizia antes: as pessoas precisam de lendas. Elas precisam da memória épica, que foi quase completamente esquecida em outras realidades. Rael Erkírion foi o mais enfático a fazer essa exigência aos cristais roxos despedaçados expulsos do Templo dos Ventos. Ele precisava ser vestido com um manto mágico Vermelho e Índigo. É por isso que estas letras estão se gerando sobre este fundo roxo.

Vamos vestir Rael Erkírion com seu manto. Filho de elfos cinzentos, mais baixinho que o normal, foi um dos elfos que perpetraram a cultura armorial (o.O). Veio com os elfos, os elfos chegaram marchando e cantando sua música estóica preferida:

The winner takes it all
The loser has to fall
Its simple and its plain
Why should I complain

The judges will decide
The likes of me abide
Spectators of the show
Always staying low

Para que ele estava vindo? Trazendo elfos, ABBA e tudo o mais? Hmm... Ah sim, para uma reunião! Uma reunião do Conselho do Imperador, sob a Grande Árvore, Elendrasil, a árvore que sustenta todos os planetas.

Os anciãos roxo e vermelho encabeçavam a mesa (he he he). O manto roxo era o mais luxuoso, cheio de detalhes dourados e divinos. Guardava seu arco e flecha aposentados, tinha mais a mostra facoes e rodas dentadas que se usa pra cortar pessoas - coisa que a idade também não permitia mais. Empunhava ainda era aquelas luvas, luvas cheias de dedos para apontar para as pessoas. Lhunlindeion não deixava ver muito através de seu enorme manto vermelho rubro, do qual só se destacava o brilho seco da navalha do seu enorme machado, símbolo do seu poder e da tradição iniciada por ele.

Rael Erkírion, o principal pretendente (ou "sendo pretendido pelos outros") a usar as luvas douradas e divinas, foi simbolicamente o terceiro a chegar à mesa. Logo com ele veio o Cavaleiro Flicts em seu cavalo magro e inexistente, exibindo como sempre a mesma imponderabilidade de Tom Bombadil e Gato Félix, de universos vizinhos. E o sorrateiro cavaleiro incolor chegou também. Não se sabe como ele chegou; talvez Rael Erkírion pudesse dizer algo sobre isso, mas ele parece já estar vestindo as luvas douradas, pronto pra dar um fora dizendo que não sabe nada sobre que cores tem o Incolor. o Índigo tá ficando ignorante. Ele podia vir aqui e vestir os personagens também, com suas roupas de densidade psicológica. Um Épico Intimista é algo interessante que está por fazer. Se o Índigo não for capaz de gerar isso, brotará do fundo roxo. O Todo Poderoso Fundo Roxo.

Campagnolo, Samoth e Alen, que ainda não possuem cores nem vestes lendárias, nem nomes (quem?), também deveriam aparecer nesta mesa. Eles com seu secto de 22 campesinos. As faces dos outros 19 estão cobertas por sombra, mas há esperança que com o tempo vão se revelando. Eles fazem parte da Iniciativa dos 22: Quando o vigésimo segundo revelar sua face, o mundo de Ho-Bah estará mudado para sempre. O banco de apostas já está aberto, mas a lista de candidatos é secreta. De toda forma, Alen, vindo de terras mais ao norte daquelas dos elfos armoriais, tem sua veste barrocamente enfeitada com estrelas. A de Samoth, por outro lado, só mostra linhas e formas abstratas. Campagnolo mostra uma veste com traços que ainda não se consegue distinguir, com uma cor que não se consegue distinguir. Mas ele possui luvas, de um tecido pesado e escuro (couro com camurça). Luvas.

Não se pode não mencionar a ausência na reunião daquele que está sempre ausente, correndo pelos campos para rasgar abdomens bovinos com suas próprias mãos: o Cavaleiro Negro. Ele sequer pertence ao conselho, mas a roupa épica lhe cai tão bem que justifica a menção.

Ainda há Myuri Kaia, outra figura com luvas e com contornos pouco definidos. Culpa da neblina. Uma neblina muito densa pairava no local da reunião, de forma que ficava difícil reconhecer a maioria das formas. Tudo era difuso, dificil de distinguir - com exceção dos fortíssimos tons roxos e vermelhos dos anciãos. Uma forma alternativa de dissipar a neblina, que não seja usando os fragmentos de pedras roxas, é respirando o doce e inebriante aroma que sai do Pires - Um Pires Cheio de Segredos.

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