terça-feira, 17 de junho de 2008

Lendas de Ho-Bah - Capítulo XIV

Um capitulo adicional de lendas que eu não escrevo mais, agora postado em blog. Se algum leitor desavisado aparecer aqui, ler, e quiser as lendas antigas, contacte-me.

Orcs disformes aparecem no horizonte. Não são mais aqueles orcs verdinhos que surpreendem com sua rudeza e com sua similaridade com o Cavaleiro Negro. São mais pálidos, mais pesados, carregam todo o cansaço do mundo. Aparecem se arrastando no horizonte, aproximando-se das colinas nas fronteiras de Ho-Bah, numa imagem arquetípica que povoa a mente de todos os habitantes de Ho-Bah. Salta de trás da colina o Cavaleiro Roxo - aquele que liderava as tropas do alto da colina com palavras e flechas. Salta desesperadamente numa missão suicida. É a quinta vez nos ultimos tempos. Parece que só faz querer morrer. Ainda corre, ainda grita com todos os outros, ainda tenta liderar, mas só para mostrar a podridão, a mesma podridão que os orcs carregam em seus passos lentos. Flechas são coisas do passado; luta com paus e pedras. Lança qualquer ataque que possa fazer doer a quem seja. Usaria um grande machado vermelho, regozijantemente, se tivesse um. Aquele machado que o Cavaleiro Vermelho não usa mais.

Cavaleiro Vermelho se arroxeou, e agora marcha pelas nuvens embalado pelos seus cantos. Ganhou mais elegância, mais delicadeza. Espera os momentos precisos para atacar. Evita ao máximo precipitar-se ou fazer qualquer lance que não seja totalmente seguro - ou pesado o suficiente para criar sua própria segurança. Ser Roxo, Ser Vermelho, Ser Negro, nada disso mais significa o mesmo. O que diriam Cavaleiro Laranja, Cinza ou Branco? Nada. Estão mortos. Todos. Cavaleiro Incolor permanece em sua virtualidade? O que é ser incolor hoje? A antiga ordem das coisas não cabe no novo mundo. As velhas pessoas e as velhas idéias morreram, as novas estão em algum outro lugar.

Rael Erkírion, onde está? A sombra por tras das cortinas que fecham as colinas da fronteira? Fala com um ou com outro, nunca com todos. Nunca por muito tempo. Evasivo como só poderia ser um humano com nome de elfo. Como ele mesmo se declara, é apenas um cavaleiro de paz, não de ação; cura, não ataca. Espera as coisas virem, não vai. Não vai. Mas está lá atrás. Observa tudo. Tem suas proprias opiniões mas não revela, não revela. Está lá. Esperando, curando. Compartilha a paz e o distanciamento dos homens do norte. Como o Flicts.

O Mundo Perfeito de Assiz enfim não parece tão perfeito. Um dia o arco-íris vai ruir. Mas há um fôlego, que sempre aparece quando ele aparece, se digna a vir ao mundo dos homens que suam e sangram. Ele mesmo está aprendendo a suar e sangrar. E tem vontade, tem bastante. É disso que precisamos, de homens com vontade. Há ovos homens. Há Campagnolo, que transborda vontade. Esse aí pode ser general um dia. Um cavaleiro dourado. Cuidado. Mas há algum mistério, como sempre há mistério nos homens do sul. Vejamos o que acontece. Eles dois têm um projeto, do qual também partilha Alen, o mais jovem entre todos eles, mas apesar de jovem também cheio de idéias e iniciativas. Sopro de novidade, sopro de futuro. Taí um lugar onde o novo pelo menos acena.

E Samoth, companheiro de Campagnolo em sua longa Jornada ao reino Thai. Mais incolor que o cavaleiro incolor, talvez? Certo é que estão trabalhando juntos , ambos em Hinpei, com os construtores. Uma dupla interessante. um grupo interessante. Heisen e Lhünlindeion; Rael; Assiz, Campagnolo e Alen; Farblos e Samoth. Eis os cavaleiros que sobraram em torno do Conselheiro e do Imperador.

Um grupo de cavaleiros, cada vez mais errante; um Conselheiro defensor dos antigos valores, um Imperador e a sua corte. Para terminar o elenco da peça, falta um personagem, difícil de caracterizar. Nasceu entre as escribas, mas com uma missão muito mais ambiciosa: abraçar todo o reino. Investigar, debulhar, revelar cada detalhe, cada canto desconhecido, cada memória. Myuri Kaia. Com vontade e disposição compatíveis com a grandeza do trabalho, relembrando o cavaleiro roxo na época de sua inventividade dourada. Mas lutando contra um monstro ainda maior, com eficiência ainda maior, trabalhando diretamente em nome da coroa. Aqui é muito do novo, ou da esperança dele. Rael Erkírion - o principal herdeiro da velha tradição, quem bancará a continuidade quando as duas últimas cores antigas evaporarem - já a convidou a pertencer ao grupo dos cavaleiros restantes. Será um mundo inteiramente novo.

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