domingo, 28 de dezembro de 2008

Índigo

Ao longe sob o céu de cerâmica índigo,
Vem um cavaleiro de armadura índigo,
Cavalgando seu cavalo armorial,
Suas poções élficas, seus oratórios antigos,
Pisando a bota índigo no chão arenoso e tangerinento.

De perto não se vê nada. De longe, só uma aura índigo de crianças com necessidades especiais.
É nessa hora que o brilho índigo poderia explodir em dez mil cores, se houvesse ainda alguma cor ali dentro que não parecesse completamente seca.
As cores se foram, junto com os sons, os odores e as texturas, levados por um anjo da introspecção do outro mundo.
É que se os roxos só enxergam preto e branco, o índigo só vê cinza. Seu cansaço permanente suga a radiância do mundo de forma incessante. Seu cansaço ainda vai lhe matar.
E ainda chamam isso de anjo.

Que o chão arenoso se rache
e o engula
e o triture (pois ele bem quereria)
e o cuspa tão alto quanto possível
Pelo menos assim ele toma vergonha e aprende a voar.