O Laranja é a vibração pura, o calor, a energia da criação. É o ritmo, são também as variações do ritmo, os gritos, a angústia, a dor. É uma luz muito forte que não pode ser absorvida sem fazer explodir. É a força que move e que vivifica. É a energia luminosa que rompe a casca do vermelho.
O Roxo são as brumas do tempo e das almas. É a atmosfera, sem forma, sem fronteiras, sempre maior e mais rarefeita que nós. É o frio, é a umidade, é o sopro. É o mar infinito, a substância que faz flutuar, ondular, são os movimentos amplos e suaves, que quase não podem ser sentidos. É o toque suave do veludo. É a transcendência do azul.
O Roxo se condensa sobre o Laranja; o Laranja agita as gotículas, da vida a elas. Das diferentes conformações de Roxo e Laranja, todas as coisas são criadas. As formas, as texturas, as matérias, os objetos, os seres, os deuses, os princípios.
Dois intangíveis, a pura energia e a pura névoa, juntos formam o tangível, o duro. O perfeito equilíbrio do roxo e laranja é uma fina e perfeitamente lisa superfície de metal prateado. A linha que é toda quebrada e cheia de pontas, contrapondo-se à linha que é uma mancha esfumaçada, juntas formam a linha reta e sólida. O metal pode se desfazer em roxo, ou pode vibrar e aquecer em laranja; no seu equilíbrio, entretanto, é brilhante, limpo e anódino. A solidez das máquinas e dos robós.
O homem é máquina e robô, mas também é o desequilíbrio da máquina e do robô. Seu metal é como um recipiente, preenchido com roxos e laranjas líquidos. O homem anda, seus líquidos oscilam e se misturam, formando padrões de cores mutáveis (que podem secar ou não em contato com a terra rachada e batida, substrato dos acontecimentos), produzindo o drama da vida em sua inteira duração.
Há duas forças elementares, interagindo e criando tudo o que é criatura. Há a terra firme onde a criação habitam, onde convergem outras forças. Há o enredo, que se passa em padrões de cores, metal e terra.
Um comentário:
quanta transcendência tobogozanzística!
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