Cortarei os meus; não preciso deles para me realizar.
Usarei medalhas apenas. Elas segurarão as partes do mundo que precisarei carregar comigo.
Ou assim sonhei.
Purpur Mais
domingo, 12 de maio de 2013
sábado, 6 de abril de 2013
Verdade
Grande Pateta: Éris é verdade?
Malaclypse the Younger: Sim, tudo é verdade.
GP: Mesmo as coisas falsas?
M2: Sim, mesmo as coisas falsas são verdadeiras.
GP: Como pode ser isso?
M2: Não sei cara, não fui eu que fiz.
Traduzido livremente do Principia Discordia, quarta edição.
Malaclypse the Younger: Sim, tudo é verdade.
GP: Mesmo as coisas falsas?
M2: Sim, mesmo as coisas falsas são verdadeiras.
GP: Como pode ser isso?
M2: Não sei cara, não fui eu que fiz.
Traduzido livremente do Principia Discordia, quarta edição.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Cosmogonia
Há duas forças elementares, opostas e complementares.
O Laranja é a vibração pura, o calor, a energia da criação. É o ritmo, são também as variações do ritmo, os gritos, a angústia, a dor. É uma luz muito forte que não pode ser absorvida sem fazer explodir. É a força que move e que vivifica. É a energia luminosa que rompe a casca do vermelho.
O Roxo são as brumas do tempo e das almas. É a atmosfera, sem forma, sem fronteiras, sempre maior e mais rarefeita que nós. É o frio, é a umidade, é o sopro. É o mar infinito, a substância que faz flutuar, ondular, são os movimentos amplos e suaves, que quase não podem ser sentidos. É o toque suave do veludo. É a transcendência do azul.
O Roxo se condensa sobre o Laranja; o Laranja agita as gotículas, da vida a elas. Das diferentes conformações de Roxo e Laranja, todas as coisas são criadas. As formas, as texturas, as matérias, os objetos, os seres, os deuses, os princípios.
Dois intangíveis, a pura energia e a pura névoa, juntos formam o tangível, o duro. O perfeito equilíbrio do roxo e laranja é uma fina e perfeitamente lisa superfície de metal prateado. A linha que é toda quebrada e cheia de pontas, contrapondo-se à linha que é uma mancha esfumaçada, juntas formam a linha reta e sólida. O metal pode se desfazer em roxo, ou pode vibrar e aquecer em laranja; no seu equilíbrio, entretanto, é brilhante, limpo e anódino. A solidez das máquinas e dos robós.
O homem é máquina e robô, mas também é o desequilíbrio da máquina e do robô. Seu metal é como um recipiente, preenchido com roxos e laranjas líquidos. O homem anda, seus líquidos oscilam e se misturam, formando padrões de cores mutáveis (que podem secar ou não em contato com a terra rachada e batida, substrato dos acontecimentos), produzindo o drama da vida em sua inteira duração.
Há duas forças elementares, interagindo e criando tudo o que é criatura. Há a terra firme onde a criação habitam, onde convergem outras forças. Há o enredo, que se passa em padrões de cores, metal e terra.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Brainstorm
A maior parte das pessoas está muito ocupada com suas vidas ordinárias, seguindo seus trens e suas rotinas (http://xkcd.com/610/). Elas têm boas idéias, mas quase nunca há tempo para elas. Então as idéias se perdem, evaporam; elas se juntam às nuvens de idéias evaporadas de todas as outras pessoas. Nuvens se formam, espessas, com todas as idéias que não têm espaço na realização sensível.
De vez em quando, de tão pesadas, essas nuvens chovem, molhando-nos com arcos-íris de idéias e imagens, mostrando o mundo com cores novas e vibrantes. Brain storm.
domingo, 4 de janeiro de 2009
Praia do Mundo
Boiando num imenso e aquoso azul, as partes do meu corpo são puxadas e empurradas por cada ondulação, cada turbulência, como num estado corporalmente inconsciente. Lentamente, minha consciência desperta, e passo eu mesmo a criar ondulações e turbulências. Brinco com as minhas ondulações contra as da água, faço dali o meu mundo. Dali faço vários mundos. A água é um meio de fertilidade infinita, um grande fluido que forma Formas e as desforma ao longo de todo o seu tecido. Entendendo a água, entendo que eu também posso fazer minhas formas, ondulando na água contra as suas ondulações.
Mas fatalmente, um dia, as ondulações me levam pra outro lugar. Um lugar onde a espessura da água é cada vez menor, mais rala; onde surge um fundo que cada vez mais sobe, cada vez mais sólido, comprimindo a água e as formas, fazendo-as mesmo desaparecer. Uma última ondulação me joga contra um fundo que já nem da água precisa mais. Estou encalhado. Esse novo mundo, da Terra, tem uma nova consistência. É sólido, firme, exige sensatez e estabilidade. Exige ciência, fé, previsibilidade. É lá onde os homens moram, todos eles, por mais devoção que tenham à Água. Nenhum homem consegue viver flutuando para sempre; se tenta fazê-lo, então é levado embora da vista dos outros homens - e portanto deixa de existir. Há os que creem num Paraíso da Água, que clamam se mudar para sempre para lá, abandonando tudo o que é firme, voltando ao nascimento de onde eu vim. Eles deixaram a comunidade dos homens.
Mas a Terra, sozinha, por certo é estéril. Tudo o que nasce dela é possível porque a Água a cobre sempre com suas tênues películas que vêm das ondulações espontâneas, ou correndo em meandros pelos pequenos espaços vazios que as pedras desleixadas e brutas largam ao redor de si. O homem que manipula a Água aprende então a manipular a Terra (apenas poucos homens, muito duros e secos, manipulam a Terra por si mesma). Cria na Terra as formas que criou na Água, mas acreditando que então estas formas serão firmes e estáveis como a própria Terra. Os homens vivem da Terra.
Toda essa sabedoria sobre a Terra me veio de pisar nela. Pisar, sustentar o corpo inteiro fixo, a partir de duas pequenas bases, e saber que não se vai girar, não se vai oscilar, não se vai cair. Na Terra se pode cair, bem como se pode levantar. Ascensão e Queda são coisas da Terra, são coisas dos Homens que precisam viver na Terra.
Encalhado, só me liberto com mais ondas, mais tênues véus de água que se interpõem entre mim e a Terra, que me permitem lembrar o movimento. Até a experiencia transcendente de pisar. Mas pisar aqui ainda não é tão firme, meus pés ainda afundam; essa terra ainda é moldável, quase como a água. E a água a molda sempre, trazendo suas ondulações e suas formas, transmutando formas fluidas em formas arenosas, moldando as terras à imagem e semelhança das ondulações da Água. É aqui, nessa Praia do Mundo, que eu devo viver, fazendo todas as formas fluidas das minhas brincadeiras, enquanto piso no fundo e puxo minhas formas para a Terra. Além de formar, agora eu posso construir.
Mas fatalmente, um dia, as ondulações me levam pra outro lugar. Um lugar onde a espessura da água é cada vez menor, mais rala; onde surge um fundo que cada vez mais sobe, cada vez mais sólido, comprimindo a água e as formas, fazendo-as mesmo desaparecer. Uma última ondulação me joga contra um fundo que já nem da água precisa mais. Estou encalhado. Esse novo mundo, da Terra, tem uma nova consistência. É sólido, firme, exige sensatez e estabilidade. Exige ciência, fé, previsibilidade. É lá onde os homens moram, todos eles, por mais devoção que tenham à Água. Nenhum homem consegue viver flutuando para sempre; se tenta fazê-lo, então é levado embora da vista dos outros homens - e portanto deixa de existir. Há os que creem num Paraíso da Água, que clamam se mudar para sempre para lá, abandonando tudo o que é firme, voltando ao nascimento de onde eu vim. Eles deixaram a comunidade dos homens.
Mas a Terra, sozinha, por certo é estéril. Tudo o que nasce dela é possível porque a Água a cobre sempre com suas tênues películas que vêm das ondulações espontâneas, ou correndo em meandros pelos pequenos espaços vazios que as pedras desleixadas e brutas largam ao redor de si. O homem que manipula a Água aprende então a manipular a Terra (apenas poucos homens, muito duros e secos, manipulam a Terra por si mesma). Cria na Terra as formas que criou na Água, mas acreditando que então estas formas serão firmes e estáveis como a própria Terra. Os homens vivem da Terra.
Toda essa sabedoria sobre a Terra me veio de pisar nela. Pisar, sustentar o corpo inteiro fixo, a partir de duas pequenas bases, e saber que não se vai girar, não se vai oscilar, não se vai cair. Na Terra se pode cair, bem como se pode levantar. Ascensão e Queda são coisas da Terra, são coisas dos Homens que precisam viver na Terra.
Encalhado, só me liberto com mais ondas, mais tênues véus de água que se interpõem entre mim e a Terra, que me permitem lembrar o movimento. Até a experiencia transcendente de pisar. Mas pisar aqui ainda não é tão firme, meus pés ainda afundam; essa terra ainda é moldável, quase como a água. E a água a molda sempre, trazendo suas ondulações e suas formas, transmutando formas fluidas em formas arenosas, moldando as terras à imagem e semelhança das ondulações da Água. É aqui, nessa Praia do Mundo, que eu devo viver, fazendo todas as formas fluidas das minhas brincadeiras, enquanto piso no fundo e puxo minhas formas para a Terra. Além de formar, agora eu posso construir.
domingo, 28 de dezembro de 2008
Índigo
Ao longe sob o céu de cerâmica índigo,
Vem um cavaleiro de armadura índigo,
Cavalgando seu cavalo armorial,
Suas poções élficas, seus oratórios antigos,
Pisando a bota índigo no chão arenoso e tangerinento.
De perto não se vê nada. De longe, só uma aura índigo de crianças com necessidades especiais.
É nessa hora que o brilho índigo poderia explodir em dez mil cores, se houvesse ainda alguma cor ali dentro que não parecesse completamente seca.
As cores se foram, junto com os sons, os odores e as texturas, levados por um anjo da introspecção do outro mundo.
É que se os roxos só enxergam preto e branco, o índigo só vê cinza. Seu cansaço permanente suga a radiância do mundo de forma incessante. Seu cansaço ainda vai lhe matar.
E ainda chamam isso de anjo.
Que o chão arenoso se rache
e o engula
e o triture (pois ele bem quereria)
e o cuspa tão alto quanto possível
Pelo menos assim ele toma vergonha e aprende a voar.
Vem um cavaleiro de armadura índigo,
Cavalgando seu cavalo armorial,
Suas poções élficas, seus oratórios antigos,
Pisando a bota índigo no chão arenoso e tangerinento.
De perto não se vê nada. De longe, só uma aura índigo de crianças com necessidades especiais.
É nessa hora que o brilho índigo poderia explodir em dez mil cores, se houvesse ainda alguma cor ali dentro que não parecesse completamente seca.
As cores se foram, junto com os sons, os odores e as texturas, levados por um anjo da introspecção do outro mundo.
É que se os roxos só enxergam preto e branco, o índigo só vê cinza. Seu cansaço permanente suga a radiância do mundo de forma incessante. Seu cansaço ainda vai lhe matar.
E ainda chamam isso de anjo.
Que o chão arenoso se rache
e o engula
e o triture (pois ele bem quereria)
e o cuspa tão alto quanto possível
Pelo menos assim ele toma vergonha e aprende a voar.
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Albireo
Um bico laranja e duro e rápido. Um bico que bica qualquer coisa que se aproxima. O mundo é um grande estofo para ser bicado - cada parte com um sabor diferente.
A bicada abre cascas e superfícies, deixando brotar o recheio mole e molhado e suculento. Como uma seta esguia que atravessa os véus de ilusão e atinge a Realidade Fundamental. Quem liga? os véus são comestíveis.
Uma tênue cobertura de gelo se forma na ponta do bico, rachada e despedaçada pelos geisers quentes que são expelidos pelo Sistema Nasal. O frio da ponta do nariz lembra o oposto do carinho-beijinho com a ponta do nariz. Mas o bico bica. Ele quebra gelos, fura e bate em todas essas partes do Estofo do Mundo que podem ser furadas e batidas.
É muito frustrante bicar um pedaço de água ou de qualquer líquido ou de algo pastoso o suficiente ou macio o suficiente ou etéreo o suficiente. Líquidos servem pra subir bem alto e descer em mergulho profundo e molhado e escuro e afogante e na busca desesperada de volta pela luz lá fora. Etéreos podem ser respirados com as narinas que o expelem de volta ou deixam cacos perdidos pelo meio dos tubos do grande Sistema Respiratório. Ou podem atingir e interagir com a alma levando-a a lugares e a texturas experimentadas só numa outra vida num outro nível num outro véu que pode ser comido e deleitado interminavelmente até o fastio e a plenitude da cessação. Pastosos não, pastosos são o perigo.
O Bico da Noite é a ponta dura e laranja que brilha na noite e rasga da noite o véu azul translúcido e que gira, correndo, pelas asas da Ave da Noite que empresta seu bico pro ofício. O bico brilha, cintila, mostra sua língua azul que sai do papo e alterna com a laranja mas pode ser vista facilmente com um olhar atento e ampliado. Um Bico sempre guia sua Ave para a direção certa, das descobertas e dos estofos, os bons estofos. Um bom Bico sempre sabe reconhecer um bom Estofo. Um bom Estofo sempre cobre, com conforto, o Conjunto de Todas as Coisas. As Coisas sempre têm bicos. As Coisas sempre bicam.
A bicada abre cascas e superfícies, deixando brotar o recheio mole e molhado e suculento. Como uma seta esguia que atravessa os véus de ilusão e atinge a Realidade Fundamental. Quem liga? os véus são comestíveis.
Uma tênue cobertura de gelo se forma na ponta do bico, rachada e despedaçada pelos geisers quentes que são expelidos pelo Sistema Nasal. O frio da ponta do nariz lembra o oposto do carinho-beijinho com a ponta do nariz. Mas o bico bica. Ele quebra gelos, fura e bate em todas essas partes do Estofo do Mundo que podem ser furadas e batidas.
É muito frustrante bicar um pedaço de água ou de qualquer líquido ou de algo pastoso o suficiente ou macio o suficiente ou etéreo o suficiente. Líquidos servem pra subir bem alto e descer em mergulho profundo e molhado e escuro e afogante e na busca desesperada de volta pela luz lá fora. Etéreos podem ser respirados com as narinas que o expelem de volta ou deixam cacos perdidos pelo meio dos tubos do grande Sistema Respiratório. Ou podem atingir e interagir com a alma levando-a a lugares e a texturas experimentadas só numa outra vida num outro nível num outro véu que pode ser comido e deleitado interminavelmente até o fastio e a plenitude da cessação. Pastosos não, pastosos são o perigo.
O Bico da Noite é a ponta dura e laranja que brilha na noite e rasga da noite o véu azul translúcido e que gira, correndo, pelas asas da Ave da Noite que empresta seu bico pro ofício. O bico brilha, cintila, mostra sua língua azul que sai do papo e alterna com a laranja mas pode ser vista facilmente com um olhar atento e ampliado. Um Bico sempre guia sua Ave para a direção certa, das descobertas e dos estofos, os bons estofos. Um bom Bico sempre sabe reconhecer um bom Estofo. Um bom Estofo sempre cobre, com conforto, o Conjunto de Todas as Coisas. As Coisas sempre têm bicos. As Coisas sempre bicam.
sábado, 11 de outubro de 2008
Lucky Star
They have a lucky star. They got all they want. They got all she wants. Lucky star, been admired and desired by many owners. Their own lucky star. They owe, lucky star.
Thousands of thousands of thousands of stars. Starring at the Thousands of thousands of thousands of blues. Blurring the Thousands of thousands of thousands of thoughts. Been thinking about a star, lucky her.
Thousands of thousands of thousands of stars. Starring at the Thousands of thousands of thousands of blues. Blurring the Thousands of thousands of thousands of thoughts. Been thinking about a star, lucky her.
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